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GASOMETRIA ARTERIAL RESUMIDA – CONCEITO E INTERPRETAÇÃO

Rosângela e Adriana

Rosângela e Adriana

Profa. Rosângela Rollo Teixeira Picolo - Coordenadora da Pós graduação Lato sensu - Fisioterapia Cardiorrespiratória - Unicid Profa. Adriana Fanelli - Coordenadora da Pós graduação Lato sensu - Fisioterapia Cardiorrespiratória - Unicid

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abril 2015
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Início das inscrições para Pós graduação fisioterapia cardiorrespiratória Unicid

As inscrições para a turma de setembro de 2015 (primeira aula em 12 de setembro de 2015) iniciaram em 10 de junho de 2015 e irão até o final de agosto
O curso oferece estágio hospitalar (pediatria adulto e UTI) e a carga horária é determinada pelo aluno.

Para inscrições e maiores informações segue o link:

http://www.unicid.edu.br/pos-graduacao-pesquisa-extensao/especializacao/curso-pos/fisioterapia-cardiorrespirat-ria/

Maiores informações no nosso blog ou também pelo email:
rollo.teixeira@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO
Quando falamos em equilíbrio ácido-básico queremos dizer, na verdade, regulação da concentração do íon hidrogênio nos líquidos corpóreos.

A concentração do íon hidrogênio no líquido extracelular pode variar desde 37 × 10-6 to 43 × 10-6 mEq/L.

Partindo desses valores, percebe-se que expressar a concentração do íon hidrogênio em termos de concentrações reais é um procedimento embaraçoso.

foi adotado o símbolo pH para expressar esta concentração. O pH sanguíneo arterial normal varia de 7,37 a 7,43 enquanto o do sangue venoso e dos líquidos intersticiais é de aproximadamente 7,35 devido as quantidades extras de dióxido de carbono que formam ácido carbônico nesses líquidos.

um pH baixo corresponde a uma alta concentração do ion hidrogênio, chamada acidose; e por outro lado, um pH alto corresponde a uma baixa concentração do íon hidrogênio, o que se chama alcalose.

DEFESA CONTRA ALTERAÇÕES NAS [H+]
Para evitar a acidose ou a alcalose dispomos de diversos sistemas de controles especiais:
Todos os líquidos corpóreos são supridos com sistemas tampão ácido-básicos que se combinam imediatamente com qualquer ácido ou alcali, evitando, assim, alterações excessivas na concentração do íon hidrogêniO

Se a concentração do íon hidrogênio se alterar consistentemente, o centro respiratório é logo estimulado a mudar a velocidade da ventilação pulmonar. Em conseqüência, a velocidade de remoção do dióxido de carbono do líquidos corpóreos é automaticamente mudada e, obriga a concentração do íon hidrogênio voltar ao normal;
Quando a concentração do íon hidrogênio afasta-se do normal, os rins secretam uma urina ácida ou alcalina e ajudam, também, desse modo, a reajustar a concentração do íon hidrogênio nos líquidos corpóreos, fazendo-a voltar ao normal.

ACIDOSE METABÓLICA (CONCEITO):
É um distúrbio do equilíbrio ácido-base caracterizado por níveis plasmáticos reduzidos de pH e bicarbonato. A PaCO2 costuma estar diminuída como conseqüência da hiperventilação compensatória, que é uma resposta dos pulmões para combater a acidose.
pH, PaCO2 e o HCO3
Relação entre a PaCO2 e HCO3 na acidose metabólica, ou seja, cálculo da PaCO2 esperada:

PaCO2 = 1,5 X HCO3 + 8 ± 2

Exemplo:

se um portador de acidose metabólica apresentar 10m Eq/l de HCO3, a PaCO2 esperada é de 1,5 x 10 + 8 = 23mmHg.

Um valor superior sugere uma acidose respiratória concomitante, enquanto que os valores inferiores são compatíveis com a alcalose respiratória associada.

ACIDOSE METABÓLICA (CAUSAS):
A acidose metabólica pode resultar de acúmulo de ácido (ingestão, aumento da produção endógena, redução da excreção) ou perda de base (bicarbonato)
ingestão: salicilato, metanol.
aumento da produção endógena: acidose lática, cetoacidose diabética.
redução da excreção: insuficiência renal.
perda de base: perda gastrintestinal (fístula digestiva, diarréia), perda urinária (acidose tubular renal).

ACIDOSE METABÓLICA (CLASSIFICAÇÃO):
Acidose metabólica pode ser dividida em dois grupos segundo o ânion gap (AG).

Cálculo do AG = Sódio – (Cloro + Bicarbonato)

Valores normais: 8 – 16
Exemplo:

paciente portador de acidose metabólica apresentam os seguintes exames de laboratório: sódio = 140mEq/l, Cl = 100mEq/l e bicarbonato = 10mEq/l. O AG é 140 – (100 + 10)= 30. Neste caso o paciente apresenta acidose metabólica com AG aumentado

Acidose metabólica com AG aumentado (AG superior a 16) Resulta do acúmulo de ácidos orgânicos (acidose lática, cetoacidose diabética, uremia, intoxicação por salicilato e metanol).

  • Acidose metabólica com AG normal (AG entre 8 e 16) Resulta da perda de base (diarréia, fístula digestiva, acidose tubular renal).
  • Os pacientes com acidose metabólica e AG normal ainda podem ser divididos em dois grupos, dependendo do AG urinário.
  • Se o AG urinário for negativo (número inferior a zero), a acidose metabólica provavelmente é secundária a perdas gastrintestinais de bicarbonato. Se for positivo, deve estar relacionado com a perda renal de bicarbonato.

ACIDOSE METABÓLICA (SINAIS E SINTOMAS):
Os sinais e sintomas de acidose metabólica são geralmente os da doença de base. Os pacientes podem apresentar taquipnéia para eliminar CO2 numa tentativa de compensar a acidose. A acidose severa diminui a contractilidade do miocárdio, reduz a atividade de aminas vasoativas e provoca vasodilatação com conseqüente hipotensão arterial.

ALCALOSE METABÓLICA (CONCEITO):
É um distúrbio do equilíbrio ácido-base caracterizado por níveis plasmáticos elevados de pH e de bicarbonato. O PaCO2 também está elevado como resultado da hipoventilação alveolar que ocorre na tentativa de compensar o distúrbio primário.
pH, PaCO2 e o HCO3
Relação entre a PaCO2 e HCO3 na alcalose metabólica, ou seja, cálculo da PaCO2 esperada:

PaCO2 = (0,9 x HCO3) + 9

Exemplo:

se um paciente portador de alcalose metabólica apresenta bicarbonato plasmático de 30mEq/l, a PaCO2 esperada é de (0,9 x 30)+9 = 36mmHg.

ALCALOSE METABÓLICA (CAUSAS):
As principais causas, são vômitos, uso de sonda nasogástrica, diurético, corticosteróides, síndrome de Cushing e hipopotassemia.

ALCALOSE METABÓLICA (SINAIS E SINTOMAS):
A alcalose metabólica pode causar confusão mental, parestesia, tetania e crises convulsivas. A alcalose desvia a curva da dissociação da hemoglobina para esquerda, diminuindo a oferta de oxigênio para os tecidos. Ela também diminui o drive respiratório, o que pode tornar difícil o desmame de ventilação mecânica.

ACIDOSE RESPIRATÓRIA (CONCEITO):
A acidose respiratória é um distúrbio do equilíbrio ácido-base caracterizado por elevação da PaCO2 e redução do pH plasmático. O HCO3 plasmático geralmente está aumentado numa tentativa de combater o distúrbio primário.
pH, PaCO2 e o HCO3

Relação entre PaCO2 e HCO3 na acidose respiratória, ou seja, cálculo do bicarbonato esperado:

Aguda: para cada aumento de 10mmHg da PaCO2, o bicarbonato aumenta 1mEq/l.
Crônica: para cada aumento de 10mmHg da PaCO2, o bicarbonato aumenta3,5mEq/l.

Exemplo:

paciente com acidose respiratória crônica apresenta PaCO2 de 60mmHg. O bicarbonato esperado é de 31 mEq/l.

ACIDOSE RESPIRATÓRIA (CAUSAS):
A acidose respiratória é devida à redução da ventilação alveolar (DPOC, edema pulmonar, asma grave, depressão do sistema nervoso central por drogas e doenças neuromusculares).

ACIDOSE RESPIRATÓRIA (SINAIS E SINTOMAS):
Agitação, cefaléia, sonolência, papiledema, arritmia cardíaca. O aumento da PaCO2 provoca vasodilatação cerebral, que pode gerar hipertensão endocraniana.

ALCALOSE RESPIRATÓRIA (CONCEITO):
A alcalose respiratória é um distúrbio do equilíbrio ácido-base caracterizado por elevação do pH e redução do PaCO2 plasmático. O HCO3 diminui em uma tentativa de compensar o distúrbio primário. pH, PaCO2 e o HCO3

Relação entre PaCO2 e HCO3 na alcalose respiratória, ou seja, cálculo do bicarbonato esperado:

-Aguda: para cada redução da PaCO2 de 10mmHg, oHCO3 diminui 2mEq/l.
-Crônica: para cada redução da PaCO2 de 10mmHg, o HCO3 diminui 4-5mEq/l.

Exemplo:

paciente com alcalose respiratória aguda apresenta PaCO2 de 20mmHg. O bicarbonato esperado é de 22 mEq/l.

ALCALOSE RESPIRATÓRIA (CAUSAS):
A alcalose respiratória é causada por hiperventilação alveolar (ansiedade, sepse, crise asmática em fase inicial, ventilação mecânica inapropriada, febre).

ALCALOSE RESPIRATÓRIA (SINAIS E SINTOMAS):
Confusão mental, parestesias, tetania, crises convulsivas, arritmia cardíaca.

CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS:

valores fisiológicos da gasA:

ph: 7,35 – 7,45

PaO2: 80 – 100 mmHg

PaCO2: 35 – 45 mmHg

HCO3-: 22 – 26 mE/l

BE: +2/+3 – -2/-3
A) Quanto ao pH sangüíneo:

acidose ou acidemia: quando o pH estiver < 7,35

alcalose ou alcalemia: quando o pH estiver > 7,45

B) Quanto à compensação do pH:

compensado: ph estará dentro dos valores fisiológicos porém, ainda podemos ter alterações nos níveis fisiológicos da PaCO2 e/ou bicarbonato

Exemplo de gasA compensada:

pH: 7,36

PaO2: 84 mmHg

PaCO2: 55 mmHg

Bicarbonato: 34 mEq/l

Be: + 4,8

Sat O2: 97%

descompensado sem via de compensação: pH estará com alterações em seu nível fisiológico e os níveis de PaCO2 e bicarbonato também estarão alterados e quando realizado os cálculos de PaCO2 ou bicarbonato esperados, estes não estarão dentro do esperado.

Exemplo de gasA descompensada:

pH: 7,22

PaO2: 81 mmHg

PaCO2: 60 mmHg

Bicarbonato: 25 mEq/l

BE: + 3,5

Sat O2: 97%

neste caso de acidose respiratória aguda o bicarbonato esperado seria de aproximadamente 27,5, como não atingiu então não está nem tentando compensar.

descompensado em via de compensação:pH estará com alterações em seu nível fisiológico e os níveis de PaCO2 e bicarbonato também estarão alterados e quando realizado os cálculos de PaCO2 ou bicarbonato esperados, estes estarão dentro do esperado.

Exemplo de gasA descompensada em via de compensação:

pH: 7,22

PaO2: 81 mmHg

PaCO2: 60 mmHg

Bicarbonato: 27,5  mEq/l

BE: + 3,5

Sat O2: 97%

neste caso de acidose respiratória aguda o bicarbonato esperado seria de aproximadamente 27,5, como atingiu então  está tentando compensar.

C) Quanto à origem do distúrbio:

respiratório: o início do distúrbio foi no aumento (levando a uma acidemia) ou diminuição (levando a uma alcalemia) da PaCO2.

Exemplo de alcalemia respiratória

pH: 7,47

PaO2: 81 mmHg

PaCO2: 28 mmHg

Bicarbonato: 21  mEq/l

BE: – 3,5

Sat O2: 97%

Exemplo de acidemia respiratória

pH: 7,22

PaO2: 81 mmHg

PaCO2: 67 mmHg

Bicarbonato: 27,5  mEq/l

BE: + 3,8

Sat O2: 97%

metabólico: o início do distúrbio foi no aumento (levando a uma alcalemia) ou diminuição (levando a uma acidemia) do bicarbonato HCO3-.

Exemplo de alcalemia metabólica

pH: 7,52

PaO2: 85 mmHg

PaCO2: 42,7 mmHg

Bicarbonato: 37,5  mEq/l

BE: + 5,8

Sat O2: 97,5%

Exemplo de acidemia metabólica

pH: 7,23

PaO2: 85 mmHg

PaCO2: 26 mmHg

Bicarbonato: 11,5  mEq/l

BE: – 5,5

Sat O2: 97,5%

misto: o início do distúrbio foi no aumento do HCO3- e diminuição da PaCO2 (levando a uma alcalemia) ou diminuição do HCO3- e aumento da PaCO2 (levando a uma acidemia) .

Exemplo de acidemia mista:

pH: 7,23

PaO2: 63 mmHg

PaCO2: 56 mmHg

Bicarbonato: 11,5  mEq/l

BE: – 5,5

Sat O2: 71,5%

além da acidemia mista, encontramos nesta gasA um distúrbio de oxigenação: uma hipóxemia

Exemplo de alcalemia mista:

pH: 7,53

PaO2: 83 mmHg

PaCO2: 26 mmHg

Bicarbonato: 30,5  mEq/l

BE: + 5,5

Sat O2: 97%

Como ocorre a compensação dos distúrbios (resposta compensatória):

ACIDEMIA  RESPIRATÓRIA: distúrbio inicial é o  aumento da PaCO2 —- a resposta compensatória é através do sistema renal, proporcionando um aumento do bicarbonato.

ALCALEMIA RESPIRATÓRIA: distúrbio inicial é a diminuição da  PaCO2  —- a resposta compensatória é através do sistema renal, proporcionando uma diminuição do bicarbonato.

ACIDEMIA METABÓLICA:  distúrbio inicial é a diminuição do bicarbonato —- a resposta compensatória é através do sistema respiratório, proporcionando uma hiperventilação e, consequentemente, uma diminuição na PaCO2.

ALCALEMIA  METABÓLICA:   distúrbio inicial é o aumento do bicarbonato —- a resposta compensatória é através do sistema respiratório, proporcionando uma hipoventilação e, consequentemente, um aumento na PaCO2.

Distúrbios da oxigenação:

Além de verificarmos se há distúrbio ácido-básico; podemos identificar se há:

hipoxemia: diminuição da PaO2

hiperoxemia: aumento da PaO2


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